Autor(es): LEANDRO KLEBER |
Correio Braziliense - 18/10/2012 |
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O mensaleiro Pedro Henry e os atuais ministros Marcelo Crivella e Marta Suplicy estão entre os mais beneficiados pelas emendas individuais Crivella foi nomeado em troca de apoio da bancada evangélica no Congresso Nacional ao Planalto e, também, para que o seu partido apoiasse a candidatura do petista Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo. A eleição paulistana também foi responsável pela ida de Marta para a Esplanada. Em troca, ela entrou de cabeça na campanha de Haddad. Para as emendas de Henry, destinadas a ações de desenvolvimento urbano em Tapurah (MT) e a melhoria das instalações de ensino superior público e de infraestrutura esportiva no estado, foram empenhados (compromisso para posterior pagamento) R$ 5,2 milhões. Os ministérios das Cidades, da Educação e do Esporte foram os responsáveis pela liberação do montante. Todo o dinheiro pedido pelo deputado para as três áreas foi empenhado pelas pastas. À frente de Henry entre os mais beneficiados só aparecem seis parlamentares, entre eles, o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM); e o ex-líder do PDT, deputado Giovanni Queiroz (PA), além de Crivella. O atual ministro da Pesca, por sinal, é o recordista na liberação de emendas. Ele conseguiu R$ 10,4 milhões para a rubrica de apoio à melhoria das condições de assentamentos precários no Rio de Janeiro. Já a emenda da senadora Marta Suplicy, que teve empenho de R$ 4,8 milhões, foi direcionada para a estruturação um hospital em Mauá, na região metropolitana de São Paulo. Ontem, o Correio mostrou que os partidos da oposição — PSDB, DEM, PPS e PSol — receberam menos de 7% dos 343 milhões empenhados pelo governo para atender a emendas individuais, de acordo com dados atualizados até o dia 8. Já PMDB, PP e PT, nesta ordem, abocanharam a maior parte dos recursos, seguidos de PDT, PR, PSB e PTB. Para o secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, as emendas parlamentares são usadas como barganha política no Brasil há muitos anos e por diferentes partidos. Para ele, o fato de os aliados serem contemplados com a maior fatia do bolo "não acontece por acaso". Para ele, "o que se observa há muitos anos é uma relação promíscua entre os poderes Executivo e Legislativo por meio de uma barganha desenfreada para atender a interesses político-partidários e pessoais, que passam muito longe do interesse público", avalia. Os congressistas puderam remanejar no Orçamento da União de 2012 o valor total de R$ 15 milhões para atender a emendas individuais. Eles escolhem para quais rubricas o dinheiro será repassado, mas a liberação depende dos órgãos do Poder Executivo. "O que se observa há muitos anos é uma relação promíscua entre os poderes Executivo e Legislativo por meio de uma barganha desenfreada para atender a interesses políticos, partidários e pessoais, que passam muito longe do interesse público" Os bons de emenda Marcelo Crivella (PRB-RJ)* R$10,4 milhões *Atualmente é ministro de Estado Fonte: Orçamento da União |